Essa comunidade, formada inicialmente como parte
integrante da Paróquia Santa Maria Mãe, aos 24 de outubro de 1992, foi
desmembrada da referido paróquia, e passou a ser a sede da Paróquia de Sant’Ana
– ou, dito na linguagem eclesial, passou a ser a Matriz de Sant’Ana, Soledade
II. E assim, teve como seu primeiro pároco, o Padre Francisco das Chagas de
Souza, até outubro de 2009.
Desde então, criou-se uma nova dinâmica de ser
Igreja. E a partir das experiências adquiridas na caminhada anterior, a nova
paróquia surgiu, desde o momento de sua instalação, com um caráter missionário
– próprio dos desafios da evangelização.
E apesar de Soledade II ter sido escolhida enquanto
comunidade matriz, quis fazer ressoar os ecos da evangelização, chamando todas
as comunidades que passariam a fazer parte da nova paróquia a serem envolvidas
no momento da sua instalação. E esse chamado foi importante, lançando a semente
de uma paróquia verdadeiramente integrada por meio de suas comunidades.
Desde então, esforços foram estabelecidos para que
a pastoral de conjunto norteasse os trabalhos pastorais na Paróquia de Sant’Ana,
bem como a sua estreita comunhão com a Arquidiocese de Natal. Pastorais foram
surgindo, movimentos e serviços sendo implantados e grupos sendo criados.
E todas as pastorais, grupos, movimentos e serviços
se encaminharam nesse propósito de missão, de ajuda mútua e comunhão entre as
comunidades e pastorais. Cresceu igualmente o número de agentes de pastoral, em
consonância com o surgimento dessas pastorais, movimentos, grupos e serviços.
Decorrente desse dinamismo pastoral, a evangelização pôde chegar mais próxima
ao povo de Deus dessa área da Zona Norte de Natal que antes era pouco atendida,
dada a sua dimensão e os seus desafios inerentes à realidade humana, aos quais
a pastoral é chamada a seus passos.
VIII
Assembleia Pastoral Paroquia de Sant’Ana; anos 2000.
CRÉDITO: arquivo PASCOM
Podemos considerar como passo inicial para o êxito
dos trabalhos pastorais na Paróquia de Sant’Ana as metas traçadas na primeira
Assembleia Pastoral Paroquial, na qual foi refletido o conteúdo do Documento de
Santo Domingo (resultado do IV CELAM – Conselho Episcopal Latino-Americano), o
qual assim define Paróquia:
[…]
comunidade de comunidades e movimentos, acolhe as angústias e esperanças dos
homens, anima e orienta a comunhão, participação e missão. ‘Não é
principalmente uma estrutura, um território, um edifício, é a família de Deus,
como uma fraternidade animada pelo Espírito de unidade’ […] ‘A paróquia se
funda sobre uma realidade teológica porque ela é uma comunidade eucarística’
[…] A paróquia é comunidade de fé, e uma comunidade orgânica […] na qual o
pároco, que representa o bispo diocesano, é o vínculo hierárquico como toda a
Igreja particular’ (Ch L 26).
E ainda:
A
paróquia tem a missão de evangelizar, de celebrar a liturgia, de fomentar a
promoção humana, de fazer progredir a inculturação da fé nas famílias, nas CEBs
[Comunidades Eclesiais de Base], nos grupos e movimentos apostólicos, e através
deles, em toda a sociedade. A paróquia, comunhão orgânica e missionária, é
assim uma rede de comunidades (DSD, 58).
Também iluminava o momento da primeira Assembléia
Pastoral Paroquial o seguinte trecho de I Cor 12, 12-20, que nos fala do “Corpo
e os membros”, o qual relata a importância de cada um na comunidade, reunindo a
“diversidade na unidade”. O referido trecho conclui: “Portanto, há vários
membros, mas um só corpo.” (I Cor 12,20), referindo-se aos batizados, enquanto
membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja. E a paróquia é essa realidade
visível do Corpo de Cristo, sinal do Reino em nosso meio.
Benção do
Santíssimo Sacramento no encerramento da 8ª Festa da Sant’Ana, com a presença
de todas as comunidades paroquiais; anos 2000.
CRÉDITO: arquivo PASCOM
Encerrando o diálogo com as “fontes de inspiração”
do início dos trabalhos pastorais na Paróquia de Sant’Ana, o canto que marcou a
primeira Assembleia Pastoral Paroquial confirmava o que fora refletido no texto
bíblico e na reflexão do DSD:
Neste
pão, te oferecemos os mutirões que fazemos, a partilha, a produção
Neste
vinho, a alegria, que floresce a cada dia, dentro de nossa união.
Novo
jeito de sermos Igreja
Nós
buscamos, Senhor na tua mesa (OFERTÓRIO DAS COMUNIDADES).
E assim, sob a inspiração do Documento de Santo
Domingo, da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios e do canto Ofertório das
Comunidades, de Zé Vicente, a Matriz de Sant’Ana se fez mãe inspiradora de um
novo jeito de ser Igreja – como ecoava o canto por ocasião da referida
assembleia –, trazendo para junto de si todas as comunidades paroquiais,
fazendo-se uma, tal qual as demais, mas tendo presente que a sua missão era de
animar as comunidades afiliadas à Paróquia em sua caminhada de fé.
É importante ressaltar que apesar das intenções que
ora eram definidas, todos ainda estavam atônitos diante das inovações, das
possibilidades que essa nova realidade propiciava. Afinal, expressões como
“trabalho pastoral”, “agente de pastoral”, “pastoral de conjunto”, “reuniões em
nível de Arquidiocese”, entre outros, eram-nos estranhas. Antes, o “eu” quase
sempre tomava o lugar do “nós” – salvo em algumas exceções. Mas a força do
Espírito, que reúne a “diversidade na unidade” foi mais forte, e os primeiros
passos foram firmados rumo ao que hoje podemos chamar de “uma paróquia
dinâmica”.
Após essa primeira, a cada ano, a Assembléia
Pastoral Paroquial se tornou um instrumento de avaliação, planejamento e
decisão da caminhada da Paróquia, definindo igualmente as prioridades a serem
atingidas visando a atender os desafios da nova evangelização e da nossa
realidade.
Visita
pastoral de Dom Heitor de Araújo Sales, então Arcebispo de Natal à época, ao XI
Zonal. Registro da passagem na Matriz de Sant’Ana; ano 2002. CRÉDITO: arquivo
PASCOM.
E toda essa caminhada foi traçada de acordo com a
pastoral de conjunto em níveis interno e externo à Paróquia. A partir de então,
cada agente de pastoral, cada pastoral e cada comunidade se tornava ciente de
que a paróquia é esse conjunto interdependente de cristãos chamados a assumir o
seu batismo de forma coletiva, dentro da pastoral, da comunidade, da paróquia e
da Igreja Particular – a diocese –, fazendo conexão com a Igreja universal –
católica.
Ainda nesse sentido, colocamos a articulação que se
estabeleceu entre a Paróquia e a Arquidiocese de Natal, por meio de encontros
de formação, reuniões de pastoral, coordenações e momentos de mobilização.
Ressaltamos ainda que tal articulação se fez não só em nível de Paróquia de
Sant’Ana, mas também desta com o XI Zonal – zonal ao qual pertence –, e deste
com a Arquidiocese.
As festas de padroeiros se tornaram momentos de
celebração festiva da religiosidade e da cultura popular, dando espaço ao
engajamento de membros da comunidade. Estas passaram acompanhar, em sua
temática, as discussões que a cada ano estavam acontecendo na Igreja, a receber
padres e diáconos de outras realidades paroquiais, e a propiciar um verdadeiro
intercâmbio entre os agentes de pastoral da Paróquia, quando uma comunidade se
colocava à disposição da outra.
Posta essa realidade, percebemos os desafios de evangelização
na Paróquia de Sant’Ana. Mas desejamos expressar a incansável vontade de
evangelizar dos nossos agentes de pastoral. São muitos, organizados em
pastorais, grupos, movimentos e serviços, que fazem, juntamente com o pároco,
os trabalhos acontecerem. Aqui, podemos dizer que é um espaço no qual as
pessoas passam de expectadores da Celebração Eucarística a evangelizadores.
Oportunidades são apresentadas, de forma que os batizados percebem que já não
podem mais se calar diante de tão desafiadora realidade. O mandato de Jesus
Cristo “Ide e anunciai” é sentido e seguido sem cessar. O vigor missionário e a
unidade na Paróquia de Sant’Ana são as forças das quais dispõe para superar os
desafios da realidade urbana na qual está inserida. Neste sentido, a Paróquia
de Sant’Ana tenta dar sua contribuição para “Que todos sejam um, como Eu o
Pai somos um” (Jo,17,21)
Hoje em dia a Paróquia de Sant’Ana tem seis
comunidades, distribuídas em três setores missionários, são eles: Setor I –
Soledade II; Setor II – Santarém, Nova República e Parque Floresta; Setor III –
Alvorada e Potengi. Todas elas continuam em missão e unidade, sempre estando, à
serviço do Reino.
FONTE – BLOG DA PARÓQUIA